O número oficial de 4,25 milhões de deslocados internos na Síria pode ser muito superior e as condições “miseráveis” nas quais vivem estas pessoas podem se agravar com a chegada do inverno.
O alerta partiu do Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), nesta terça-feira (22).
“Esse dado oficial da ONU é de cinco meses atrás, por isso que tememos que o número de deslocados internos seja ainda maior agora”, disse hoje em Genebra o porta-voz do Acnur, Adrian Edwards.
O porta-voz indicou que um número crescente de deslocados internos foi abrigado em edifícios públicos abandonados, em 931 escolas, em hospitais, porões e mesquitas.
Cerca de 180 mil pessoas em situação de necessidade vivem em 983 refúgios coletivos repartidos pelo país, muitos dos quais sem portas e janelas ou condições sanitárias adequadas, onde, segundo o Acnur, os casos de leishmaniose e cólera são cada vez mais comuns.
Edwards informou que as temperaturas estão caindo em toda a região e que o Acnur e outras agências humanitárias estão trabalhando para ajudar os sírios a se preparar para o inverno, com a distribuição de cobertores térmicos e lonas de plástico para isolar o frio.
Por enquanto, foram reabilitados refúgios de alojamento para aumentar sua capacidade de 35 mil pessoas atuais para 80 mil que se quer alcançar antes do início do inverno.
Além disso, o Acnur proporciona assistência financeira aos deslocados mais vulneráveis de Damasco e arredores, Homs, Al Hassakeh, Qamishly e Tartous; da qual se beneficiaram até agora mais de 117 mil sírios.
Praticamente, todos os povos e cidades na Síria foram afetados pelo conflito e, segundo as estatísticas da ONU, mais de 400 mil casas foram destruídas e 1,2 milhões seriamente danificadas, além de 5.500 escolas e 3.800 mesquitas danificadas ou destruídas.
Mais de 57% dos hospitais do país estão danificados e 60% das ambulâncias fora de serviço. Quinze mil médicos abandonaram o país.
O Acnur expressou sua preocupação com “a ruptura do sentido de comunidade e segurança” no país, o que está afetando especialmente as crianças: quase dois milhões abandonaram a escola e um número crescente de menores sofre exploração laboral ou estão sendo recrutados por grupos armados.
Além disso, a falta de alimentos afeta mais de quatro milhões de pessoas no país, das quais dois milhões são crianças em risco de desnutrição.