O repórter Marlon de Carvalho Araújo foi morto à tiros em sua residência na madrugada de 16 de agosto (quinta-feira), no povoado de Chapada, zona rural da cidade de Riachão do Jacuípe (BA). Este foi o quarto assassinato de um comunicador no Brasil em 2018, o dobro de mortes em relação a 2017.
Com passagens pelas rádios Gazeta e Jacuípe, Marlon se dedicava a uma página pessoal no Facebook na qual atuava como repórter independente, mantendo seu marcante perfil combativo. Ali realizava vídeos com cobranças, denúncias e críticas contra políticos de municípios diversos da região. Entre seus últimos vídeos, Marlon anunciou que faria denúncias a respeito de políticos da cidade de Pé de Serra, município vizinho de Riachão do Jacuípe.
Segundo o site da ONG Artigo 19, comunicadores locais e autoridades responsáveis pelas investigações do caso confirmaram que a principal motivação do crime é a atuação de Marlon como comunicador.
Somente em 2018, já foram assassinados outros três comunicadores: Jairo Sousa, radialista de Bragança (PA); Ueliton Brizon, jornalista de Cacoal (Rondônia); e Jefferson Pureza, radialista em Edealina (Goiás). Assim, fica evidente que o crime reforça um cenário de violência contra comunicadores que tem se intensificado este ano, sendo urgente e necessário que o Estado, em todos os níveis, reconheça a condição alarmante dos comunicadores no país e se comprometa com política concretas de enfrentamento do problema.
Em maio desse ano, uma audiência pública realizada no âmbito do Conselho Nacional de Direitos Humanos discutiu o tema da violência contra comunicadores no Brasil. No evento, organizações da sociedade civil alertaram para os índices alarmantes de violações contra comunicadores no país. Autoridades se comprometeram a enfrentar a questão, entre elas o Ministério de Direitos Humanos, órgão responsável pelo Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos, que anunciou a inclusão dos comunicadores no mecanismo de proteção.