Cresce a insatisfação da população brasileira com a polícia.
Segundo o Índice de Confiança na Justiça Brasileira (ICJBrasil), realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para integrar a 7ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), 70,1% da população não confiam no trabalho das diversas polícias no país, 8,6 pontos percentuais acima do registrado no primeiro semestre de 2012.
O FBSP destacou que a credibilidade das polícias está mais próxima da apresentada pelos partidos políticos (95,1% dos brasileiros afirmam que não confiam em legendas políticas) do que pela apresentada pelas Forças Armadas (34,6% não confiam), o que indica a necessidade de rever a atuação dos agentes de segurança pública.
De acordo com o fórum, as atuações das polícias, desde as manifestações iniciadas em junho deste ano, são apenas um ponto que precisa ser revisto na política de segurança adotada nos dias de hoje.
Em 2012, 1.890 pessoas foram mortas em episódios envolvendo policiais em serviço. Além disso, considerando as taxas de mortes por homicídio da população e de policiais, o risco de um policial morrer assassinado no Brasil é três vezes maior que o de um cidadão comum.
A taxa de homicídio geral da população foi de 24,3 por 100 mil habitantes, enquanto a de policiais mortos em serviço e fora de serviço foi de 72,1 por 100 mil policiais.
“A polícia está matando muito e morrendo muito”, disse o coordenador do Anuário, Renato Sérgio de Lima ao afirmar que os dados são uma evidência forte de que o modo como o Estado brasileiro atua para lidar com crimes é “anacrônico e falido”.
Lima disse que, embora o gasto do país com segurança pública tenha atingido R$ 61,1 bilhões em 2012, alta de 16% ante o ano anterior, 40% desse valor são destinados a aposentados e inativos. “O Brasil gasta muito, mas investe mal”, resumiu.
As polícias Civil e Militar no Brasil mataram, em média, 126 mais civis que as do Reino Unido, em 2012, e mais de duas vezes que as polícias da Venezuela – país que que tem o dobro da taxa de homicídios do Brasil, hoje, em 24,3 pessoas a cada grupo de 100 mil habitantes.
No Reino Unido, onde a taxa de homicídios do ano passado foi de uma pessoa para cada grupo de 100 mil habitantes, uma das menores do mundo, foram registradas 15 mortes em confronto com as polícias. Na Venezuela, onde a taxa anual é de 45,1, foram 704 mortos pelas polícias – menos da metade dos mortos pelas polícias brasileiras.
De acordo com o estudo, ao menos 1.890 brasileiros morreram em confronto com as polícias do país, ano passado, o que dá uma média de cinco mortos ao dia.
O índice é mais alto nos Estados de São Paulo (563 mortes em 2012), Rio de Janeiro (415), Bahia (344) e Paraná (167).
Os dados, entretanto, foram classificados conforme o maior ou menor grau de transparência na informações divulgadas pelos órgãos estaduais relacionados ao sistema de segurança pública.