Quarta-feira (13), em São Borja, fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, será exumado o corpo do ex-presidente João Goulart.
O início das atividades está previsto para as 7h no Cemitério Jardim da Paz, onde o corpo de Jango foi sepultado há quase 37 anos.
À tarde, os restos mortais seguirão para Santa Maria, de onde serão levados a Brasília na manhã de quinta-feira (14), em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB).
Um dia antes dos trabalhos, na terça-feira (12), uma audiência pública será realizada na cidade.
No Distrito Federal, o corpo de João Goulart será recebido com honras de chefe de Estado.
Depois, irá ao Instituto Nacional de Criminalística, onde serão realizados os testes e enviadas amostras dos restos mortais a laboratórios internacionais.
No dia 5 de dezembro, o corpo de Jango voltará ao Rio Grande do Sul e será recebido no Palácio Piratini, em Porto Alegre, pelo governador Tarso Genro.
Serão realizados testes que poderão comprovar se João Goulart foi envenenado durante exílio na Argentina, em 1976.
O processo terá a participação de um perito cubano que trabalhou na exumação do líder revolucionário Ernesto Che Guevara.
Outros técnicos estrangeiros também participarão dos trabalhos em São Borja. O grupo chegará ao Rio Grande do Sul na segunda-feira (11). Na quinta-feira (14), os restos mortais de Jango serão levados a Brasília.
A previsão é que, após a realização de exame antropológico e de DNA, para identificar o corpo, sejam coletados os materiais necessários para outros testes no exterior.
A exumação deve apurar a suspeita de que Jango tenha sido assassinado por envenenamento, durante exílio na Argentina, o que contraria a versão oficial de que ele foi vítima de um ataque cardíaco.
Uma cápsula teria sido colocada no frasco de medicamentos que Jango tomava regularmente para combater problemas no coração.
O plano para a morte do ex-presidente teria sido executado por agentes da ditadura uruguaia durante a Operação Condor (uma aliança entre as ditaduras militares da América do Sul nos anos 1970 para perseguir opositores dos regimes), a pedido do governo militar brasileiro.
Os militares suspeitavam que João Goulart estivesse planejando sua volta ao Brasil por ter recuperado seus direitos políticos.