Nesta semana, 0 Brasil foi acusado, na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, de violar tratados internacionais sobre a liberdade de expressão, por abrigar leis que criminalizam, como casos de calúnia, injúria e difamação, críticas e denúncias da mídia envolvendo ocupantes de cargos públicos.
A discussão foi levada à comissão – que é ligada à Organização dos Estados Americanos – pela ONG Artigo19, dedicada à defesa da liberdade de informação e de expressão.
Caso não haja adequação da legislação brasileira aos tratados internacionais, a ONG pretende pedir a abertura de um processo contra o Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos, que funciona em San José, na Costa Rica.
Segundo a ONG, os chamados “crimes contra a honra” são usados como um “instrumento político de intimidação” e cerceiam a liberdade de expressão.
Previstos na legislação atual do país, os delitos podem receber punição ainda mais grave se for aprovado, sem alterações, o projeto de reforma do Código Penal em discussão no Senado.
O projeto de reforma do código não só mantém os crimes como duplica a pena caso a vítima seja ocupante de cargo público – na legislação atual, em tais casos a punição é elevada em um terço.
A iniciativa que pode levar à adequação da lei aos tratados internacionais é a eliminação do crime de desacato, que é “incompatível” com as convenções da OEA, segundo a relatora especial da CIDH, Catalina Botero Marino.