A assembleia-geral da ONU confirmou nesta sexta-feira (10) Michelle Bachelet, que foi duas vezes presidente do Chile, como alta comissária de direitos humanos.
O secretário-geral António Guterres nomeou Bachelet na quarta-feira (8) para substituir o jordaniano Zeid Ra-ad Al Hussein. A nomeação precisava ser confirmada pela assembleia.
Ela assumirá um cargo que foi alvo de muita polêmica durante a gestão de Zeid, duro crítico do presidente americano, Donald Trump. Após quatro anos no cargo, Zeid decidiu que não se candidataria a um segundo mandato após perder o apoio de países poderosos, como a China e a Rússia, além dos Estados Unidos.
Zeid à imprensa na semana passada, enquanto se preparava para deixar o cargo, em 31 de agosto, que, “no atual contexto geopolítico”, permanecer no posto “implicaria se ajoelhar em súplica”. “O silêncio não gera nenhum respeito”, declarou.
Filha de um militar que se opôs à deposição do presidente socialista Salvador Allende, assassinado pela ditadura de Augusto Pinochet, Bachelet foi presa e torturada em 1975, antes de partir para o exílio, primeiro na Austrália e depois na antiga Alemanha oriental.
Pediatra de profissão e especialista em saúde pública, após o retorno da democracia ao Chile, em 1990, a socialista Bachelet foi ministra da Saúde, da Defesa e duas vezes presidente, até deixar a presidência em março de 2018.
Bachelet já trabalhou antes na ONU: em 2010, foi a primeira diretora da ONU Mulheres, agência da organização que promove a igualdade de gênero, e ocupou o cargo por três anos.
No ano passado, Guterres a nomeou integrante de um grupo de alto nível sobre mediação na ONU, que o aconselha sobre os esforços de paz da organização.
Este ano, Bachelet deixou a presidência do Chile com popularidade em torno de 40%. Durante sua última gestão, implantou um ambicioso programa que incluiu uma reforma da educação, das leis trabalhistas e tributárias. Mas também enfrentou um escândalo de corrupção, protagonizado por seu filho mais velho e sua nora, condenada recentemente por fraude fiscal.
Este mês, lançou no Chile sua nova fundação, a Horizonte Ciudadano, que busca promover os objetivos de desenvolvimento sustentável fixados pela ONU para 2030.