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“Eu não vou morrer; eles não vão me matar”. Afirmação de José Júnior, do AfroReggae em entrevista exclusiva ao jornal Estado de São Paulo

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Coordenador do grupo AfroReggae, um dos parceiros do Prêmio Juíza Patrícia Acioli de Direitos Humanos, vive sob ameaça.

Há três meses, José Júnior, do AfroReggae, anda com escolta formada por dez seguranças.

Em entrevista exclusiva  para a coluna da jornalista Sonia Racy, do jornal O Estado de São Paulo,o líder da ONG AfroReggae, diz não se arrepender das denúncias que fez ligando Marcos Pereira, líder da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, a traficantes cariocas.

O pastor está preso desde maio e é acusado pelo Ministério Público de estupro.

Na entrevista, divulgada nesta segunda-feira (23), José Júnior, diz que se for assassinado, “isso seria apenas uma derrota absurda para o país”.

A ONG AfroReggae, que atua na mediação de conflitos e oferece emprego a ex-traficantes e jovens de baixa renda em favelas,  foi expulsa de sua sede, em julho, no Complexo do Alemão, pelo tráfico.

José Júnior afirma não se intimidar com as ameaças e  segue seu trabalho: o AfroReggae está iniciando um novo projeto em Cabo Verde, na África em parceria com a Unicef. 

Segundo José Júnior, “estar na lista das pessoas mais marcadas para serem assassinadas é uma situação difícil e que, particularmente, não me deixa confortável”.

“Não posso mais ir ao cinema, ao shopping, à praia. Quer dizer, não é que eu não possa, não é recomendado. Até ao enterro do meu pai eu tive que entrar com um efetivo. Isso me marcou muito. Quando nasceu minha filha, dez dias depois, tiveram que cercar a maternidade para que eu e minha mulher entrássemos. Perdi meu pai e minha filha nasceu”.

Até agora , conta José Júnior, foram quatro ataques, incluindo o incêndio do AfroReggae. “Estamos sendo ameaçados por um poder colossal (…)  eu estou na guerra”. Os tiros que deram no AfroReggae foram de fuzil, denuncia José Júnior.

José Júnior esclareceu, na entrevista, que o Fernandinho Beira-Mar não tem nada contra ele (José Júnior). “O Fernandinho tem um filho que trabalhou no AfroReggae, eu cansei de encontrar a mulher dele no presídio  (…) ele não tem motivo para se meter com a gente. Agora, se ele se meteu, e as gravações mostram, me soa muito estranho”.

Entre os ataques sofridos pelo AfroReggae está um incêndio que atingiu a redação do Jornal Voz da Comunidade e a pousada(que seria inaugurada dia 5 de agosto) do AfroReggae, na Favela da Grota, no conjunto de favelas do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro.

Em agosto, a sede do grupo da Vila Cruzeiro, no conjunto de favelas da Penha, foi alvejada a tiros, ninguém se feriu mas a fachada do imóvel ficou totalmente destruída.

No mesmo mês, centenas de pessoas  da sociedade civil do Rio de Janeiro lançaram a campanha “A pacificação é Nossa, o AfroReggae é Nosso” em apoio ao grupo de José Júnior.