O jornalista Jairo Sousa, de 43 anos, foi morto a tiros na madrugada de 21 de junho, no Pará, ao chegar à emissora onde trabalhava. Apresentador do programa “Show da Pérola”, da Rádio Pérola FM, Jairo tinha recebido ameaças de morte por telefone recentemente, segundo familiares, e já havia sido agredido e atacado no passado.
Nos programas que comandou ao longo da carreira, Sousa fez diversas reportagens sobre corrupção, homicídios e tráfico de drogas. Ele estava na Rádio Pérola há dois anos, e recentemente fez matérias sobre um suposto esquema de corrupção na prefeitura local.
Segundo a polícia do município de Bragança, no nordeste do Estado, o radialista foi alvejado duas vezes nas costas por um homem na garupa de uma moto, que era conduzida por outro homem. A vítima chegou a ser socorrida por populares, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no Hospital Santo Antônio Maria Zaccaria, em Bragança (PA). O órgão está com gravações das câmeras de segurança do momento do crime e busca a identidade dos suspeitos.
De acordo com publicação no Facebook do Jornal Online Castanhal, a família de Sousa informou que ele estaria sendo ameaçado por telefone. Em entrevista ao Comitê de Proteção dos Jornalistas (CPJ, na sigla em inglês), Francy Rocha, colega da vítima, comentou que ele já tinha sido ameaçado e agredido no passado. Rocha também afirmou que, por precaução, Sousa às vezes usava colete à prova de balas e levava um spray de pimenta.
Em comunicado, a coordenadora do Programa do CPJ para a América Central e do Sul, Natalie Southwick, afirmou que “o assassinato de Jairo Sousa é um lembrete de que os jornalistas que trabalham fora das principais áreas urbanas do Brasil enfrentam o maior risco no país. As autoridades brasileiras devem agir com rapidez e credibilidade para enviar a mensagem de que os jornalistas não podem ser mortos impunemente”.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) disse, em nota, que está trabalhando “para apurar se o crime foi uma retaliação ao trabalho de Sousa”, por meio do Programa Tim Lopes de Proteção a Jornalistas.
A Abraji disse também que encaminhou ofícios ao secretário de Segurança Pública, ao delegado geral da Polícia Civil e ao governador do Pará, “solicitando celeridade no esclarecimento do homicídio”.
“O assassinato de um comunicador em função do exercício da atividade jornalística é um grave atentado à liberdade de expressão. Ao tentar silenciar uma voz e criar um clima de insegurança entre os demais profissionais, crimes do tipo prejudicam a circulação de informações e opinião”, expressou a associação.