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Mais de 200 milhões de mulheres no mundo não têm acesso à saúde sexual e reprodutiva, alerta UNFPA

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As desigualdades econômicas que afligem grande parte do mundo de hoje são reforçadas por muitas outras, incluindo desigualdades em saúde sexual e reprodutiva, alertou nesta quinta-feira (8) a diretora-executiva do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Natalia Kanem.

“Mais de 200 milhões de mulheres — muitas delas pobres e vivendo em partes rurais e remotas do mundo — têm carência de acesso voluntário a métodos de planejamento reprodutivo. Além disso, mais de 800 mulheres grávidas, muitas delas em frágeis situações socioeconômicas, morrem todos os dias por complicações relacionadas à gravidez e ao parto”, alertou em comunicado para o Dia Internacional das Mulheres.

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A oficial da ONU lembrou que, em muitas partes do mundo, o acesso aos serviços é particularmente limitado ou, até mesmo, inexistente para mulheres rurais e indígenas, enfraquecendo seu poder de exercer seus direitos reprodutivos.

“Sem acabar com a discriminação à qual estas mulheres são sujeitadas nas esferas públicas ou privadas, muitas delas permanecerão presas a um ciclo vicioso de pobreza, inúmeras gestações, capacidades diminuídas, direitos humanos não garantidos e potencial não realizado”, declarou. “Negar direitos reprodutivos não causa danos apenas aos indivíduos, mas também pode prejudicar as economias e sufocar o desenvolvimento dos países”.

Para a oficial da ONU, universalizar a saúde reprodutiva e torná-la acessível não ajudaria apenas uma mulher pobre e rural a cumprir seus direitos reprodutivos, mas também permitiria que ela se mantivesse saudável, obtivesse educação e participasse de todas as esferas da vida, incluindo a vida econômica.

“Esses benefícios se acumulariam em sua vida, na de sua família e na de seu país. É por isso que nossa missão no UNFPA é trabalhar com nossos parceiros para pôr fim à demanda insatisfeita por planejamento reprodutivo e serviços, erradicar mortes maternas evitáveis, acabar com violência de gênero e outras práticas prejudiciais contra mulheres e meninas até 2030”, declarou.

Movimentos lançam luz ao abuso e ao assédio sexual

Os recentes movimentos de mulheres que lançam luz sobre o abuso e o assédio sexual frequente em diversos países dão significado especial ao Dia Internacional das Mulheres deste ano, na opinião do administrador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Achim Steiner.

“Os movimentos de mulheres dominam o discurso global. Do #MeToo e do #TimesUp, que lançam luz sobre o abuso e o assédio sexual, até o #NiUnaMenos, de protesto contra o feminicídio, as vozes das mulheres exigindo igualdade cruzam o planeta, e um sentimento palpável de mudança está no ar”, declarou.

Na opinião do oficial das Nações Unidas, esses movimentos e marchas infundem de significado especial o Dia Internacional das Mulheres deste ano. “Hoje, celebramos as ativistas que trabalham, sem cansaço, para ‘enfrentar o patriarcado’ e impulsionar todas e todos nós a conquistar direitos iguais para as mulheres”, disse.

“Agora é a hora de por fim ao abuso e ao assédio sexual. Prevenir esse comportamento é nosso imperativo moral coletivo, pois ele precisa ser erradicado onde quer que esteja. Devemos trabalhar todas e todos juntos para mudar nossas culturas e criar ambiente seguro para a denúncia.”

Segundo o administrador do PNUD, agora é a hora de por fim à violência contra as mulheres. “Em 49 países, faltam leis que protejam as mulheres da violência doméstica e, em 37 países, estupradores estão livres de processo se forem casados com a vítima ou se casarem com ela depois”.

“Agora é a hora de promover a participação política das mulheres. Elas representam somente 23,5% de parlamentares no mundo. O mundo precisa que as mulheres tenham a mesma voz na tomada de decisão”, afirmou.

O oficial da ONU também alertou que agora é o momento de acabar com as desigualdades salariais de gênero. A lacuna salarial global baseada em gênero é de 23% e levará 100 anos para acabar se mantido o ritmo de mudança atual.

“Precisamos valorizar o trabalho das mulheres e reduzir o fardo desproporcional de assistência e trabalho doméstico. Esse tipo de trabalho priva as mulheres de tempo para ganhar dinheiro e envolver-se na vida pública, e priva as comunidades e nações das contribuições das mulheres de forma integral”.

Mais mulheres e meninas são afetadas pelo HIV

No Dia Internacional das Mulheres, o diretor-executivo do UNAIDS, Michel Sidibé, lembrou que as mulheres e meninas continuam sendo afetadas pelo HIV de maneira desproporcional. Globalmente, as mulheres jovens são duas vezes mais propensas a se infectarem pelo HIV do que os homens jovens. Na África subsaariana, três em cada quatro novas infecções por HIV entre pessoas de 15 a 19 anos acontecem entre mulheres jovens. Globalmente, cerca de 30% das mulheres sofrem violência física e/ou sexual por um parceiro íntimo pelo menos uma vez na vida.

“Mas a mudança está acontecendo. Este ano, o Dia Internacional da Mulher está sendo celebrado em um momento de destaque muito necessário sobre questões de assédio sexual em vários setores, incluindo o setor privado, governos, organizações internacionais e a sociedade civil”, declarou em comunicado para a data.

“Movimentos como #MeToo (#EuTambém) estão desafiando comportamentos e crenças que perpetuam a desigualdade de gênero, a violência de gênero e o assédio sexual. O UNAIDS reafirma seu compromisso de zero tolerância ao assédio sexual e assume sua responsabilidade em relação ao exercício dos mesmos padrões de ética, equidade e respeito que promove e exige dos outros”, disse.

“Cada vez mais vozes se unem para desafiar as desigualdades socioculturais, econômicas e políticas que tornam as mulheres e as meninas mais vulneráveis ao HIV. Essas mudanças são boas para elas. Sabemos que, ao apoiar que mulheres e meninas usufruam de seus direitos à saúde, à educação e à autodeterminação, a transformação torna-se possível. As infecções por HIV diminuem. A saúde melhora. A educação aumenta. Mulheres e meninas prosperam.”

Fonte: ONU | Foto: UNFPA Namíbia/Emma Mbekele