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Ajuda internacional: Brasil; principal doador entre os países emergentes

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Países vizinhos da Síria precisam com urgência de mais ajuda internacional para enfrentar o impacto da chegada maciça de populações fugindo da guerra civil síria.

O alerta partiu da Acnur, agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para os refugiados.

“Líbano e Jordânia estão numa situação em que cerca de 20% de sua população é composta por refugiados. Isso é um fardo enorme”, disse a alta comissária-adjunta para operações do Acnur, Janet Lim, em entrevista na terça-feira (5) ao jornal Folha de São Paulo, em Teerã.

Lim citou os vizinhos mais pobres da Síria, que recebem a maior do parte dos 2,1 milhões de sírios abrigados no exterior desde 2011, para ilustrar a pressão exercida tanto sobre autoridades como sobre as populações locais. Problema semelhante ocorre na Turquia e no Iraque.

A diplomata afirmou que, na crise síria, a maioria dos refugiados vive fora dos acampamentos do Acnur: ficam hospedados por famílias ou em casas de parentes e amigos. A liberdade de movimento forma, segundo ela, um cenário mais “saudável” para os refugiados, mas acirra a escassez de recursos em países economicamente frágeis.

“A capacidade de prover saúde, educação e água, entre outros serviços, está à beira do ponto de ruptura. Precisamos amparar países a expandir essa capacidade”.

Para Lim, as consequências do conflito sírio exigem a integração entre esforços humanitários e ajuda para o desenvolvimento. Ela afirmou que o Acnur já coopera com organizações de assistência econômica, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.

Segundo a alta comissária, a centena de agências humanitárias e de desenvolvimento envolvidas na crise precisam de ao menos US$ 1 bilhão para amparar esses países.

Ela também cobrou mais empenho dos países doadores do Acnur diante da multiplicação das crises, que afetam não somente sírios.

A presença de mais de 800 mil refugiados afegãos no Irã foi o tema central da visita de Lim. A preocupação acerca do Afeganistão aumenta à medida que se aproxima o fim de 2014, quando tropas americanas irão se retirar do país, gerando temores de explosão de violência e de novos fluxos de refugiados.

Conflitos também levaram ao êxodo em massa de congoleses, angolanos e sudaneses, entre outros.

Crises

“Há mais e mais crises, e elas são cada vez mais graves […]. Nossos recursos aumentaram nos últimos anos, mas as necessidades são sempre maiores [que os fundos disponíveis]”, disse Lim, que citou nominalmente o Brasil.

“Vimos uma participação maior do Brasil, e esperamos que isso vá continuar”, afirmou, numa referência à série de remessas anuais superiores a US$ 3,5 milhões desde 2010, que transformaram o governo brasileiro no principal doador entre os países emergentes.

Lim afirmou, entretanto, que o Acnur não tem capacidade, nem vocação, para envolver-se nos esforços para pôr fim aos conflitos que deflagram os deslocamentos populacionais.

“Podemos responder às consequências [das guerras], mas a solução é política.”