Nos últimos seis anos, pelo menos 72 albinos foram assassinados na Tanzânia.
Muitos tanzanianos acreditam que albinos tenham poderes mágicos e que rituais de bruxaria usando partes do corpo de pessoas com albinismo tragam sorte ou riqueza.
Alguns acreditam que os rituais são mais eficientes se a vítima grita durante a amputação, então os braços, olhos e genitais normalmente são extraídos de pessoas vivas.
Muitos creem que os albinos não morrem, mas que “simplesmente desaparecem”.
Além disso, homens com HIV raptam meninas com albinismo na crença de que estuprá-las possa curar a Aids.
Segundo um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), “um cadáver de albino completo, incluindo braços, pernas, genitais, orelhas, língua e nariz, custa US$ 75 mil (R$ 163 mil)” na Tanzânia.
Entre os compradores estão pescadores que usam pedaços do corpo em suas redes para garantir uma boa pescaria, mineradores que moem os ossos de albinos para achar riquezas, políticos que querem um amuleto para ganhar eleições e empresários de olho na sorte grande.
A ONU diz que a Tanzânia, que tem cerca de 200 mil albinos (0,4% da população), em seguida vêm Burundi, Quênia, República Democrática do Congo, Suazilândia, África do Sul e Moçambique.
Segundo o jornal Folha de São Paulo (13/10), o que causa os atos criminoso é a impunidade, pois nos últimos seis anos, apenas cinco pessoas foram condenadas pelos 72 assassinatos.
“Há gente graúda por trás dos assassinatos, políticos que encomendam partes de albinos para fazer rituais e tentar se eleger”, diz um ativista da Sociedade de Albinos da Tanzânia.
“É preciso descobrir onde está o mercado: quem encomenda os pedaços de albinos? Enquanto não descobrirem, os crimes vão continuar.”
“Há poucas condenações, porque todos esses rituais são secretos e é muito difícil achar provas para condenar os assassinos de albinos”, diz Alshaymaa Kwegyir, primeira deputada albina da Tanzânia, nomeada pela Presidência do país africano.
A ONU acredita que a maioria dos ataques não é registrada por causa do medo dos familiares de vítimas.
Logo após o pico de assassinatos, em 2009, o governo cassou a licença de todos os feiticeiros do país, que precisam dessa autorização para atuar. Muitos praticantes de magia negra dizem ser herbalistas, médicos tradicionais que usam remédios naturais.
Mas um ano depois, pouco antes das eleições, o governo revogou a medida, que era muito impopular.
Segundo o Pew Research Institute, cerca de 60% dos tanzanianos acreditam em magia negra.
O governo criou nove abrigos para proteger albinos no país, principalmente perto do lago Vitória, onde ocorre a maioria dos ataques.
Crianças com albinismo ficam internadas nesses abrigos e muitas vezes não voltam mais para casa.
Muitos especialistas, no entanto, são contra os abrigos: acham que os albinos precisam ser integrados na sociedade para diminuir os preconceitos.