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Seis vítimas de feminicídio por mês, revela ISP

Dossiê Mulher, do ISP, revela que pretas e pardas são mais vítimas de violência (Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo)

Em 2018, a cada cinco mortes de mulheres no Estado do Rio, uma foi em decorrência de feminicídio. É o que mostra o Dossiê Mulher, levantamento anual feito pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). Com base em todos os registros de ocorrência do ano passado, houve 71 vítimas desse tipo de crime — quase seis por mês. “Diminuiu o medo e aumentou o acesso”, afirma Fabiana Bentes, secretaria estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos. Ou seja: à medida em que o tema ocupou mais espaço em debates públicos, mais mulheres se sentiram encorajadas a fazer denúncias.

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Bentes explica que, ao contrário da impressão que se tem, não houve um crescimento real do número de casos, mas, sim, o recrudescimento das notificações. “Estamos dando luz a esse comportamento primata que é o homem achar que tem o direito de agredir quando perde”, acrescenta a secretária. A pasta comandada por ela foi criada há quatro meses.

Além dos dados sobre feminicídio, o levantamento traz informações relevantes acerca de outros crimes violentos cometidos contra mulheres. Estupro e agressão corporal dolosa, por exemplo. “O feminicídio é apenas a ponta de um iceberg. Há uma cultura de violência contra a mulher, que é manifestada desde xingamentos e ações excludentes no dia a dia (…) agressão física”, afirma Sandra Ornellas, subsecretária de Bentes e ex-chefe da Delegacia de Atendimento a Mulher (DEAM) de São
João de Meriti.

Ornellas ainda explica que o passo seguinte a ser dado, após o encorajamento das mulheres, é o envolvimento dos homens nas discussões sobre o que ela classifica de “masculinidade tóxica”. “No final das contas, todos são vítimas do machismo”, afirma
a subsecretária. “A integração do sistema judicial para esclarecimento de suas ações também é muito importante. Precisamos de um esforço coletivo para que não fiquem (públicas) só as notícias das mortes, mas também da repressão”, conclui.

Bentes revelou que a Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos levará, a partir de maio, dois ônibus com psicólogos e assistentes sociais para auxiliar mulheres do Noroeste Fluminense. Cidades como Itaperuna, Pádua, Natividade e Bom Jesus de Itabapoana serão beneficiadas pela ação. Os veículos servirão como pontos de encontro entre moradores das cidades visitadas e agentes públicos.

“Nossos profissionais vão checar a situação judicial das eventuais vítimas e prestar todo apoio possível. Nossa intenção é tratar todas as vítimas em tom de igualdade, independente da condição financeira”, afirma Bentes.

Fonte: O Dia