O promotor Thiago Faria de Godoy Magalhaes, 36, foi assassinado com cerca de 20 tiros, por volta das 9 h. da manhã desta segunda-feira (14), em Itaíba, no agreste de Pernambuco.
A assessoria do governador Eduardo Campos informou que ele se reunirá, nesta segunda-feira, às 18h, com Aguinaldo Fenelon, procurador-geral do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), para tratar das investigações.
A Secretaria de Defesa Social também informou que realiza grande operação.
Por meio de nota, a pasta comunicou que está mobilizando policiais civis e militares do Agreste e do Sertão.
Um helicóptero também está sendo usado para realizar buscas na região.
A polícia está traçando as linhas de investigações, mas já trata o caso como sendo crime de execução.
O assassinato ocorreu na rodovia PE-300 e, de acordo com as primeiras informações da Polícia Civil, o carro do promotor Thiago Faria de Godoy Magalhães foi seguido por outro veículo. Depois de efetuar o primeiro disparo, os assassinos teriam bloqueado a passagem, executado o promotor e fugido. Foram disparados cerca de 40 tiros em sua direção.
O promotor estava na companhia da noiva, a advogada Mysheva Freire Ferrão Martins, que conseguiu saltar do carro, sofrendo apenas ferimentos leves.
Uma equipe do Instituto de Criminalística (IC) deve realizar perícia no automóvel. O corpo do promotor será encaminhado para o Instituto de Medicina Legal (IML) em Caruaru, no Agreste.
O promotor Thiago Faria era formado em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, autor de livros jurídicos e professor de cursos preparatórios para concursos.
Ele tomou posse como promotor em dezembro do ano passado.
Na ocasião, Thiago falou como orador do grupo de novos promotores nomeados e ressaltou que tomar posse no cargo era a realização de um sonho.
“Quando entrei na faculdade de Direito tinha um foco, um sonho, que era ser promotor de Justiça. Ninguém vence uma pessoa que tem um sonho e hoje o realizei e posso dizer que irei dedicar a minha vida a ser o melhor promotor de Justiça do MPPE. Cumprirei essa promessa”, afirmou.
No fórum onde Magalhães trabalhava, os servidores estão em choque, segundo notícias veiculadas pela imprensa local. Eles confirmaram que o promotor se dirigia ao trabalho, mas não tinham detalhes do crime nem em que caso ele trabalhava atualmente.
Itaíba é uma cidade conhecida por crimes de pistolagem.
Uma única família, a Martins, teria envolvimento com ao menos 13 mortes entre 1992 e 1999, segundo investigações da polícia.
A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco mobilizou dois delegados do município, além de dois delegados da capital para investigar o assassinato do promotor.
O governo solicitou apoio das polícias Federal e Rodoviária Federal para ajudar na investigação.
Segundo a Secretaria de Defesa Social, um Fiat Uno escuro interceptou o carro do promotor na rodovia PE-300, entre os municípios de Águas Belas e Itaíba.
O procurador-geral de Justiça de Pernambuco, Aguinaldo Fenelon, já está em Itaíba e emitiu nota dizendo que Thiago era “um profissional brilhante e competente.
A Conamp (Associação Nacional dos Membros do Ministério Público) divulgou nota de repúdio ao assassinato do promotor.
Segundo a associação, o crime “afronta o profissional que exerce o seu múnus buscando a justiça, a sociedade destinatária de seus préstimos e o próprio estado democrático de direito.”
A entidade ainda exige “celeridade na elucidação do crime e a responsabilização rigorosa de todos os envolvidos” e pede “urgentes medidas no sentido de resguardar a integridade física e a vida dos promotores, procuradores e magistrados, e de seus respectivos familiares, expostos a situações de risco em razão do cargo.”
Por fim, a associação diz que casos de ameaças, atentados e assassinatos de integrantes do sistema judicial são comuns.
“Essa realidade é inaceitável, principalmente, porque esses profissionais são alvo de organizações criminosas no exercício de sua função constitucional de garantir o cumprimento das leis e a efetividade do estado democrático de direito no país”, destaca a nota.