Advogados de direitos humanos que representam vítimas de uma epidemia de cólera, que ocorreu após o terremoto de 2010 no Haiti, anunciaram, nesta quarta-feira (9), a abertura de um processo judicial, em Nova York, no qual pleiteiam uma indenização da Organização das Nações Unidas (ONU), informa a agência Reuters.
O começo da epidemia foi atribuído a tropas de paz da ONU e, há alguns meses, a entidade havia anunciado que não tinha a intenção de pagar centenas de milhões de dólares às vítimas da cólera no Haiti, onde a epidemia atingiu mais de 650 mil pessoas desde outubro de 2010, matando mais de 8.300 delas.
Em 2011, uma comissão independente, nomeada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, para estudar a epidemia divulgou um relatório que não determinava, conclusivamente, como a cólera chegou ao Haiti.
O Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos encontrou fortes indícios de que soldados nepaleses levaram a doença ao país caribenho.
A cólera é uma infecção que causa diarreia intensa e que pode provocar desidratação e morte que ocorre em lugares com saneamento deficiente.
Em novembro de 2011, o Instituto para a Justiça e a Democracia no Haiti, com sede em Boston, apresentou uma petição na sede da ONU solicitando um mínimo de US$100 mil para as famílias de cada pessoa morta por cólera, e pelo menos US$ 50 mil por vítima que tenha adoecido.
Em fevereiro deste ano, um porta-voz da ONU declarou que as indenizações não estavam abrangidas pelo artigo 29 da Convenção sobre Privilégios e Imunidades, que trata de disputas envolvendo representantes da ONU com imunidade diplomática.
O Instituto para a Justiça e a Democracia no Haiti se disse frustrado com a decisão da ONU e afirmou que recorreria à Justiça.