A cidade de Melgaço (300 Km de Belém) tem uma população de, aproximadamente, 25 mil habitantes.
O município, que fica no arquipélago de Marajó, tem o pior IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) do país, com 0,418, figurando na faixa de cidades com pouquíssimo desenvolvimento humano.
Metade da população é formada por analfabetos, segundo dados do censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) publicado em 2012.
Na cidade, apenas 681 pessoas frequentam o ensino médio o que exemplifica o que foi apontado no levantamento realizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), divulgado na última segunda-feira (30), no Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013.
Agenor Sarraf, professor do doutorado de Antropologia da Universidade Federal do Pará, afirma que grande parte dos analfabetos tem mais de 15 anos e não conseguiu estudar devido à crise na educação ocorrida na década anterior.
Segundo Agenor Sarraf, “o número de professores leigos era grande: 75% dos professores não tinham magistério em 2001”.
Além do grave problema com a educação, Melgaço também sofre com a pobreza.
De acordo com o Mapa da Pobreza do IBGE, publicado em 2003, 48% das pessoas da cidade são pobres e grande parte da população do campo tem remuneração de R$ 71,50. Isso faz com que as famílias da zona rural sobrevivam, em média, com R$ 662 por mês (menos que um salário mínimo).
Conforme o Dieese, a situação de Melgaço ilustra, perfeitamente, a desigualdade no estado do Pará, que tem o 13º maior PIB (Produto Interno Bruto) do país, mas apresenta a 23ª renda.
Isso demonstra que a concentração de renda é enorme, o estado é rico, mas a população, em sua maioria, sofre inúmeras privações.
Esta é a terceira vez que a Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) é medido nos municípios do Brasil. As outras duas foram divulgadas em 1998 e 2003.
O IDH dos municípios vai de 0 a 1: quanto mais próximo de zero, pior o desenvolvimento humano e quanto mais próximo de um, melhor.
O IDH registrado em Melgaço (0,418) foi o mais baixo das 5565 cidades pesquisadas.
O índice leva em conta indicadores de longevidade (saúde), renda e educação.