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Bangu: plano incluía morte do juiz Alexandre Abrahão

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O juiz Alexandre Abrahão, titular da 1ª Vara Criminal do Fórum de Bangu, seria morto na última quinta-feira (31), segundo notícia veiculada pelo jornal carioca O Dia.

A polícia recebeu informações de que a trama para matar Abrahão foi arquitetada na Vila Vintém.

As informações sobre o plano de execução do magistrado já foram encaminhadas à Secretaria de Segurança, à Divisão de Homicídios (DH) e a 34ª DP (Bangu).

Há suspeitas de que a ordem teria partido do traficante Celso Luís Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, preso no Complexo Penitenciário de Gericinó.

Os bandidos invadiram o Fórum de Bangu com o objetivo de resgatar dois presos e assassinar o juiz da 1ª Vara Criminal local, Alexandre Abrahão.

 Na ação, morreram o menino Kayo da Silva Costa, de 8 anos, e o sargento PM Alexandre Rodrigues de Oliveira, 42.  

 A investigação sobre o ataque contra o juiz Alexandre Abrahão é reforçada pelo fato de os criminosos terem tentado chegar à sala de audiência.

Segundo as investigações da polícia, a parte do plano que previa assassinar o juiz teria partido de traficantes e milicianos já condenados pelo magistrado.

Na ocasião, Abrahão presidia o julgamento de outros três réus, enquanto os principais alvos do resgate estavam no andar de baixo.

Os bandidos só não chegaram até lá porque foram impedidos pelo sargento Oliveira e seguranças do juiz.

Em março, durante sessão na qual Celsinho e a mulher dele, Deise Mara Rodrigues, respondiam por tráfico e lavagem de dinheiro, ele causou tumulto e foi retirado da sala por ordem de Abrahão.

Celsinho e Deise foram absolvidos em junho último.

Em nota, o Tribunal de Justiça afirmou que cabe à Secretaria de Administração Penitenciária avaliar e comunicar a periculosidade de réus e testemunhas.

No caso, não foi montado esquema de reforço de policiamento. “Estou há dois anos e meio no comando e nunca recebi informações sobre a segurança do Fórum”, disse o comandante do 14º BPM (Bangu), Glaucio Moreira.

Segundo a Polícia Militar, havia 15 policiais no local, mas testemunhas afirmaram ter visto cinco. 

A invasão reacendeu a discussão sobre a audiência por meio de videoconferência, prevista em lei desde 2009.

De acordo com o TJ, o Estado utiliza o sistema apenas para presos fora do Rio.

As casas de custódia, diz o TJ, são responsáveis pelas instalações necessárias para videoconferência.

Alexandre Abrahão

Alvo dos criminosos, o juiz Alexandre Abrahão postou em sua página no Facebook um desabafo sobre a ação dos criminosos caso.

“Gostaria de pedir a cada um de vocês (…) oração para a criança que foi executada (…) ao policial que faleceu, um verdadeiro herói, amigo e digno, que vi tombar na minha frente alvejado covardemente na cabeça (triste espetáculo que levarei até meus últimos dias)”.

O juiz pede, ainda, uma reflexão sobre o que se pode fazer pelo Brasil, alegando que a culpa é de todos.

“Quanto a culpa? Simples! A culpa e nossa enquanto sociedade! Não percam tempo alegando que a culpa foi da falta disso ou daquilo (…)”.

Questão de segurança pública

A presidente do Tribunal de Justiça do Rio, desembargadora Leila Mariano, declarou em entrevista coletiva na sede do TJ-RJ, no centro da cidade, nesta segunda-feira (4), que o plano de resgate de presos em Bangu foi “um verdadeiro atentado” e uma “questão de segurança pública”.

Ela admitiu que há a necessidade de criar critérios mais rigorosos na requisição de presos.

” O que houve em 31 de outubro foi um verdadeiro atentado.  Esse atentado não é uma questão de segurança institucional, mas de segurança pública. Onde estavam os órgãos de segurança? Não queremos apontar culpados, mas uma união para a solução. Vamos precisar criar protocolos para requisição de presos. Vamos ter que reforçar nossa segurança e a nossa prática” , afirmou a desembargadora, que estava acompanhada do diretor do Fórum de Bangu, o juiz Alexandre Abrãao e do diretor-geral de Segurança Institucional do TJ-RJ, o desembargador Antônio Jayme Boente.

” Nós temos a necessidade de duas ações, de inteligência, repressão e isso é da competência da segurança pública. O protocolo que eu digo é que as audiências sejam marcadas com mais antecedência e com contato com a Seap para saber a real situação daquele preso. Vamos precisar criar protocolos mais seguros. Hoje, em vista desse atentado, não temos dúvida que vamos precisar de critérios mais rigorosos para o chamamento de presos”, admitiu.

A desembargadora informou que 15 criminosos participaram da ação criminosa e não apenas três, como havia sido relatado pela PM no dia do tiroteio.

“Eles transitaram de Belford Roxo até Bangu, com armas de grosso calibre e três adentraram ao fórum, mas vários ficaram na expectativa. No embate inicial, vitimou o policial militar que nós lamentamos, assim como lamentamos a perda de uma vida tão tenra como a do menino Kayo”.

A desembargadora ressaltou que “todos os envolvidos precisam melhorar” e trabalhar com a inteligência. Ela afirmou, no entanto, que comunicou a Polícia Militar da necessidade de reforço na segurança no dia 31 de outubro.