Coragem e determinação foram marcas constantes do desempenho da juíza lembrada pelo Prêmio. Defensora dos Direitos Humanos, Patrícia Acioli mereceu o reconhecimento tanto de seus pares como de governantes pelo seu trabalho na contenção da violência policial e postura combativa diante da corrupção de agentes públicos.
Patrícia Acioli foi defensora pública, posteriormente prestou concurso para a Magistratura do Estado do Rio de Janeiro e, desde 1999, era juíza na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Por conta de sua atitude firme na avaliação das provas, buscando efetiva aplicação da lei, recebeu, ao longo de sua carreira, diversas ameaças de morte. A juíza também lecionou Direito Civil no Centro Universitário Augusto Motta, na década de 1990.
Na noite de 11 de agosto de 2011, a juíza Patrícia Acioli retornava do trabalho, no fórum de São Gonçalo. Ao chegar à porta de sua residência, no bairro de Piratininga, Niterói, seu carro foi alvejado por dois motociclistas mascarados. Ela morreu imediatamente em consequência dos 21 disparos de armas de fogo cujas cápsulas de munição pertenciam ao 7º Batalhão da Polícia Militar de São Gonçalo. Dias antes do assassinato, a juíza havia decretado a prisão de oito policiais militares por suposto envolvimento com o crime organizado. Patrícia Acioli, de 47 anos de idade, não tinha proteção policial e, algumas horas antes de morrer, havia expedido três mandados de prisão contra dois PMs, réus em um processo sobre a morte de um morador do morro do Salgueiro, em São Gonçalo.
De acordo com a Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, dois policiais militares foram responsáveis pelos disparos que mataram a juíza: o cabo Sérgio Costa Júnior e o tenente Daniel Benitez Lopes, que seria o mentor intelectual do crime, a mando do tenente-coronel Cláudio Oliveira. Já foram condenados cinco réus.
“Um ataque ao governo brasileiro e à democracia”. Essa foi a reação do então presidente do Supremo Tribunal Federal, Cesar Peluzo que, à época, ordenou a investigação do crime pela Polícia Federal. O então presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, afirmou que o assassinato foi “Uma barbaridade contra um ser humano e, sobretudo, contra a justiça brasileira e o estado de Direito”.